#UMNOVOPOINT
É hora de explorar mais a cidade.
#Mandalapub #Camdomblé #Yoa Hoje quero romper barreiras, mostrar um novo local de socialização, cultura diversificada e filosofia, onde se encontrar para tomar uma cerveja ou um uma bebida sem álcool. Mandala pub (@mandala.pub), está localizado na rua treze de maio, no bairro Alto da Cruz, por ser um pouco afastado do centro de Floriano acaba despertando olhares preconceituosos de uma população desinformada e que não explora o que a cidade oferece de melhor.
Para iniciar, quero falar do proprietário, Marcelo Alves de Sousa Júnior (@o2marcelo_), natural da nossa terrinha e filho de Marcelo Alves de Sousa (PM) e de Maria Alzenir Martins da Cruz (cozinheira de um hotel). Esse rapaz de olhos verdes encontra-se em um relacionamento sério e se considera militante na defesa de direitos das “minorias”.
“Eu sou uma pessoa que posso me considerar militante, porque sou uma pessoa que luta contra o preconceito, racismo, mas fazendo minha parte que é levando cultura, arte e a humildade para aquelas pessoas menos favorecidas que são esquecidas pelo poder público e pelas instituições privadas da cidade”.
A espiritualidade é muito importante na sua vida, tanto que sua primeira ideia de empreender seria em um espaço de meditação. Quando questionado o porquê do nome do bar, ele conta que: “Mandala Pub(@mandala.pub) é um nome bastante importante para mim, pois significa força interior e espiritualidade, esse nome superior tem muito a ver com a questão interna e externa da energia do local”.
Mandala está muito ligada à espiritualidade, muito utilizada em rituais budistas, no hinduísmo, no tantrismo e no psicofísico. A história da Mandala remonta a praticamente o século VIII a.C. e tem relação direta com a religião budista que era praticada no Japão e também às práticas culturais e religiosas no Tibete. Ela é tida como uma yantra, que pode significar um emblema ou instrumento. É por essas razões que o budismo japonês e as práticas religiosas no Tibete comumente utilizam mandalas como instrumentos. O intuito é adquirir uma concentração pura e chegar a um estado superior de extrema meditação.
Mas o nosso garoto de 22 anos, apesar de ter uma ligação muito forte com esse símbolo oriental, segue uma religião de matriz Africana e nos revela que está no candomblé ketu a mais de dois anos, esse segmento religioso é uma das três vertentes do candomblé, tendo suas origens nas tradições dos povos da região de Ketu, Yorubás
Filho de Oyá, que é uma das divindades dessa religião, que são conhecidas como Orixás, a entidade a qual nosso entrevistado é filho, tem seu nome originado do rio Níger, que fica localizado na Nigéria. O seu elemento é o fogo e em conjunto com outros orixás como Ayrà e Afefe Ikú dominam os ventos da morte.
“Geralmente quando acontece algo de bom, ou uma situação de perigo, eu falo: Eparrey Oyá, que é uma saudação e um chamado pra ela tomar a frente da situação ou de algo”.
O bar ainda se encontra em processo de reforma, mas isso não impede que possamos ir tomar uma boa cerveja gelada, conversar sobre conjunturas politicas, ouvir diversos estilos de músicas entre outras atividades que lá estejam a acontecer. Marcelo nos diz que seu bar está aberto para todos os ritmos e que não aceita nenhum tipo de preconceito. E questionado sobre quais serão as próximas atividade ele fala:
“Isso tudo é questão de planejamento, porque primeiramente, quero fazer eventos menores, porem, quando o espaço estiver maior, suportando uma capacidade maior de pessoas, quero expandir e todo mês vamos fazer um vento”.
O que ele quer, é que esse espaço vire um lugar de divulgação para os diversos artistas desconhecidos da cidade. Você deve ter aquele vizinho, amigo e parente que produz algo, mas que você não dá valor, pois Floriano é uma cidade que não incentiva os seus artistas.
“Meu bar é justamente para isso, muitos bares e produtores da nossa cidade, não incentivam os nossos artistas locais. Aqui vai ser um espaço para os artistas trazerem suas musicas autorais, e ter sua chance de mostrar seu trabalho para o publico”.
E assim a inauguração do Mandala Pub (@mandala.pub), foi um evento diferente aos olhos dos Florianenses. Acontecimentos desse estilo, eu só vi em bares dos grandes centros que costumam ser localizados em casas antigas, um exemplo é a Casa de Barro em Teresina. Com rap, poesia, desenhos, teatro de rua e conversa sobre feminicídio que impulsionaram a inauguração do referido bar.
Sarau Dkebrada, assim intitulado, é um movimento de jovens que leva cultura de rua para as periferias da cidade de Floriano, Marcelo conta que os organizadores do evento discutiram como iriam fazer o evento durante as batalhas de rimas que acontecem na Praça da Matriz, e como o local que tinham pensando de inicio estava em reforma (praça do alto da cruz), ele sugeriu que fizessem em seu bar.
Iniciando com teatro de rua com Cassia Tapety (@tapetykassia), essa modalidade cênica, acontece em espaços abertos/públicos das cidades, os atores usam seu corpo e sua voz para interagir com o publico. Nos grandes centros muitos grupos de teatro costumam abordar questões socio-políticas para fazer suas apresentações.
Um relacionamento abusivo, a atriz encenava sentada no chão, falando com sua mãe fictícia ao telefone, tentando convencer a si mesma e à sua mãe que o que ela vivia não era uma relação tóxica, e que o fato de não poder vestir aquela roupa que ela gosta, não poder se maquiar e ter que se afastar de tudo e de todos era algo normal.
E se isso tudo acontece com você, seu namorado, marido ou afins não permitem que você tenha liberdade de ser quem você que ser?! Cuidado! Você está em um relacionamento abusivo e isso está ligado ao que eu falei na coluna anterior, aos patrões da masculinidade tóxica.
Dados sobre feminicídio também rolaram no evento. Professora e Mestra da Universidade Estadual do Piauí, Natacha fez uma discussão onde as pessoas paravam na rua para ouvi-la. Isso mostra o quanto as pessoas necessitam de informações. O jornal O Globo traz dados alarmantes desse ano (2019): nos primeiros 64 dias houveram 344 casos de feminicídio, 207 consumados e 137 tentativas.
Desenho com corpos de mulheres enfeitavam o local, a artista Naftally Nunes mostrou que tem domínio de traços e trouxe desenhos belíssimos. Naftally também é poetiza e nos diz que “adora desenhar mulheres livres, que amam seus corpos”. Outra atividade que teve foi defesa pessoal para mulher, pois não bastava só mostrar os dados, é preciso ensinar as mulheres a se defenderem dos seus agressores.
E ao som de uma muito rap, musicas acústicas (tocadas pelo Francisco Carvalho), e batalhas de MC's fechando a noite no Mandala Pub. Para quem quer curtir algo autêntico, deixo aqui minha indicação. E nesse sábado vai rolar Private Trance: viagem no tempo de 19h às 00h, com muita música eletrônica.
E para aproveitar a deixa, já que estamos no setembro amarelo, quero finalizar essa coluna com uma música de autoria do grupo Outra Rotina, falando sobre suicídio.
Abracem seus amigos, familiares e afins, conversem mais, não escondam seus problemas.
E ate proxima coluna caros camaradas!
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