Arquivo Pessoal

João Lucas

Técnico em segurança do trabalho, graduando em história pela Universidade Estadual do Piauí e autor do projeto "O Cenário Político Brasileiro: Debates acerca da cidadania e ideologias partidárias"

#SemFiltro

Eu tinha medo de ser expulso de casa.
Foto: João lucasDaniel
(@danieldovale)

#AtivismoLGBT#Família #MasculinidadeToxica.  Olá meus caros camaradas! Na coluna de hoje, diretamente do vale dos unicórnios, apresento a você Francisco Daniel da Rocha Neto, e como ele pediu: Apaguem o Francisco da cabecinha de vocês! Pois é uma história, assim como muitas outras, e o mesmo não pretende lembrar. Hoje ele está administrador, mas nos confessa que não é formado na área, é ativista das causas LGBTQQICAPF2K+, nas redes sociais, e blogueiro nas horas vagas. Falamos sobre: Suas origens, a descoberta da sua sexualidade, redes sociais e como vai transformar o seu aniversario em uma atividade filantrópica.      

Filho de Antônio José do Vale Oliveira (finado) e Iralina do Socorro da Rocha Oliveira, sendo o mais novo de duas irmãs, Ana valeria e Carla Daniela, nascido e criado na nossa princesinha do sul, ele nos conta que suas origens consanguíneas estão ligadas aos municípios de Luzilândia-PI (por parte de pai), que é uma cidade localizada no extremo norte do estado, cuja origem deu-se através de uma fazenda de gado conhecida por Estreito, fundada em 1870, pelo português João Bernardino Souto Vasconcelos.

O outro município é Bertolínia-PI (por parte de mãe), antes Aparecida, a fundação dessa cidade tem um caráter religioso muito forte, diz a lenda que Nossa Senhora de Aparecida, a então padroeira da cidade, apareceu onde é hoje a Igreja matriz (uma estória parecida com a padroeira do Brasil).  Pelo que nosso entrevistado nos contou a família por parte de mãe é bastante influente no município.

“Meus pais se conheceram quando meu pai se mudou de Luzilândia para Teresina e de Teresina para Uruçuí, para trabalhar com o pai do Chico Filho, o ex-deputado Chico Filho, nós somos parentes do Chico Filho, e minha mãe morava aqui estudando e aqui se conheceram e construíram uma família feliz”. (risos) (@danieldovale).

Bem, ao perguntar como sua família descobriu sobre a sua sexualidade, ele brinca que sua mãe sempre desconfiou e acredita que nenhuma mãe é cega! E acrescenta: “Elas se fazem de cegas!” (risos). A desconfiança da sua mãe está ligada aos clichês ortodoxos da masculinidade tóxica. Por que normalmente na visão dessas pessoas, os meninos homens tem que brincar com carinho, futebol e tem que ser mais brutos. Daniel sempre foi o inverso disso.

Precisamos falar sobre esses padrões masculinos ultrapassados, vivemos em um século ao qual a globalização nos trouxe uma diversidade de costumes, onde podemos ser o que quisermos ser, mas encontramos barreiras em um conservadorismo que acaba oprimindo quem queira viver diferente. Em nenhum momento dos seus vinte e cinco anos (25), nosso entrevistado, de maneira agressiva, sofreu algum tipo de opressão. E ele tem consciência disso, tanto que, mesmo ainda no período que não tinha consciência da sua orientação sexual, relata:

“Eu sou uma pessoa bem tranquila, entendeu? Tipo mesmo quando as pessoas não me aceitavam, eu me aceitava. Eu acho que já tinha um pensamento, de que, eu ia me aceitar. Eu sempre fui bem tranquilo e não entendia aquilo como preconceito, eu entendia como uma falta de não entendimento deles, que eu sendo homem, poderia sim gostar de outras coisas.“ (@danieldovale).

Foto: João lucasDaniel
Daniel quando criaça.

Seus familiares, amigos e clientes sempre o trataram com muito carinho e respeito(relatos dele). Respeitar as diferenças é algo que eu e ele compartilhamos, e somente com esse substantivo podemos construir uma sociedade para todos. Ao contrário dele muitos LGBT’s[...] não são aceitos pela família e acabam indo para prostituição, além de outros problemas que afetam esse grupo de pessoas.

Segundo dados levantados pelo o Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 23 horas morre um LGBT no Brasil. No Piauí somente em 2018 foram constatadas 16 mortes, nos colocando na 7º posição entre os estados do nordeste. Bem, são dados que a ONG baiana consegue levantar, mas esse grupo sofre agressões diárias tanto psicológicas como físicas. Uma reportagem da BBC New, nos conta que no dia 13 de junho, foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passe a ser considerado um crime.

Mas voltado à história do nosso entrevistado, o mesmo por pressões de amigo e alguns familiares, teve sua primeira relação sexual hétero normativo aos quinze anos de idade (15).

“Eu tenho um padrinho, que ficava perguntado: “cadê as namoradas?” Pois o filho dele já tinha uma namorada e eu não tinha! Então eu me sentia na obrigação de ter a namorada, e tive a namorada, que hoje é minha amiga e com ela foi só beijos, mas aos quase (15) anos tive minha primeira relação”  (@danieldovale).

E aos dezessete (17) anos descobriu sua sexualidade, teve sua primeira relação homoafetiva, lembrando o quanto a sua primeira relação foi frustrante. O relacionamento durou cerca de dois anos, depois o jovem a qual ele teve esse momento foi embora para o Rio de Janeiro. Com a ida dele todos os questionamentos do Daniel voltaram.             

“E ai com dezessete anos conheci esse rapaz maravilhoso, super gente boa! E com ele eu tive minha primeira relação com um homem. E ai eu lembrei lá dos quinze anos, o que os meninos falavam de ser tão bom.”  (@danieldovale).

Já o segundo relacionamento, nos relata que foi altamente tóxico, mas o seu fim, fez com que contasse para sua mãe sobre a sua orientação sexual. Hoje ele se arrepende da maneira como foi dita, e é um assunto que prefere não lembrar. Mas relatou que:

“Eu não atribuo 100% dessa culpa a mim, mas eu atribuo também ao antigo relacionamento, por conta de todos os surtos dele, eu cheguei ao meu nível máximo de estresse, e queria gritar, que não era igual a ele.” (@danieldovale).

Mesmo assumindo para mãe e irmãs, acabou que se fechando no casulo. Assim como a lagarta precisa de um tempo para se transformar em uma borboleta, Daniel também precisava desse tempo e de uma pessoa para lhe dar a mão e lhe apoiar nesse mundo cruel para os LGBT’s [...] (seu chefe foi um desses).

“Eu fico um pouco com medo do que eu posto, eu faço um pouco de filtro, porque eu tenho seguidores de dez anos [...] mas o que eu deixo claro aos meus seguidores é que cada um tem seu tempo.” (@danieldovale)

Hoje de maneira tímida, ajuda com mensagens e stores de apoio aos seguidores LGBT’s [...], e com essa deixa, gostaria de convidar, vocês leitores, para um evento que está acontecendo na cidade de Floriano. A 1º semana do orgulho de Ser, que leva como tema: “ReXistirmos”. Está sendo realizado por alguns coletivos da cidade e o grupo Matizes de Teresina. Vale a pena conferir.

#SemFiltro #DigitalInfluencer #Aniversario. Quando questionado sobre ser um digital influencer, confessa que isso começou com uma brincadeira, mas que pretende levar a sério. Com isso o nosso ilustríssimo e purpurinado, Daniel, está com um projeto novo. Além de trabalhar como gerente na Pax União (funerária), e vir desempenhando um trabalho bastante interessante na rádio Alvorada FM 99,7 intitulado de Boomerang, que é um programa de interação entre três amigos, os digitais influencers Daniel (@danieldovale), Grazielle (@graziellemoura) e André (@andrelobo) que trazem informações atualizadas das redes. Duas horas semanais todas as quartas-feiras.

 Em uma pegada Youtuber, vai estrear em outubro o programa Sem Filtro com o Dan, na TV da plataforma digital instagram, em que trará convidados para interagir e confessa que os mesmos “vão ter que falar a verdade”. Sem mais spoiler, o título é bem sugestivo e é o jeito esperarmos o mês de setembro passar para conferirmos esse sucesso. 

Como bom influencer que é, fiquei tentado por conhecer um espaço ao qual faz seus publiposts, o Bendito Açaí (@benditoaçaibeirario), um espaço onde meus camaradas Paraenses diriam: que vende um açaí Gourmet, e para nossa surpresa, Daniel confessa: “Olha gente aqui tem o melhor açaí da cidade, mas eu nunca comi, eu gosto é do leite ninho [...] Eu gosto do atendimento daqui [...] Eu como é leite Ninho com Oreo !”.

Foto: João lucasDaniel
Daniel fazendo  publiposts, no Bendito Açai beira Rio. 

O seu aniversario promete ser um evento que vai abalar as redes, com as hashtag’s #DV26 & #AL31. Por terem amigos em comum, ele e seu amigo André Lobo, farão uma big festa (07/09/2019) que vai ter uma finalidade filantrópica. Com isso, os aniversariantes pretendem arrecadar cestas básicas que serão distribuídas entre pessoas carentes da cidade. Então pelo fato de os dois possuírem várias parcerias, estão fazendo uma votação para saber quais digitais influencers de Floriano e Barão devem comparecer na festa. Vai lá dar seu voto!A festa vem com o tema Selva, aproveitando essa deixa para militar #prayforamazonia, esse tema selva parece que vai ser a nova tendência do verão. Na matéria passada, falei sobre a nova coleção da Colcci, Botaical Lab, caso você seja um sortudo, a ser convidado, sugiro que vá a loja, é um look certeiro para o evento, e você não fará feio.

E para concluirmos por hoje, quero dizer que Daniel está muito feliz com seu namoro, mas que não deu muitos detalhes sobre o mesmo e também está muito realizado com seus empregos, e no mais, é esperar pelas novidades que esse jovem digital influencer vai aprontar.  

Foto: João lucasDaniel
Daniel gravando stores 
Foto: João lucasDaniel
Daniel

Confira outros artigos do blog João Lucas

Os blogueiros são responsáveis pelos seus próprios textos, a linha partidária e linguística do autor não condiz necessariamente com a do portal ROTA343. Cada colunista tem liberdade para escrever, respeitando os direitos, deveres e regras de cordialidade exigidas pela empresa.

Gostou? Compartilhe!