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O RETORNO DO FAVORITO VISITANTE INDIGESTO

Lucio Flávio e Carli fazem ressurgir o futebol objetivo e eficaz do Botafogo.

Se havia alguma dúvida quanto à influência decisiva do ex-técnico Bruno Lage para a assustadora queda de rendimento do Botafogo na Copa Sul-Americana e no Campeonato Brasileiro, a contundente vitória do alvinegro, neste domingo, sobre o finalista da Copa Libertadores afastou qualquer espaço para eventuais objeções, tamanha a qualidade tática e técnica, individual e coletiva, apresentada pelo Glorioso no Clássico Vovô, sob o comando dos interinos Lúcio Flávio e Joel Carli.

Segundo o levantamento feito pelo site Fogãonet, o desempenho de 86,7% do clube no primeiro turno do Brasileirão, respectivamente sob o comando de Luís Castro e Cláudio Caçapa, com 13 vitórias e 2 derrotas, foi vertiginosamente derrubado para apenas 43,3% sob o comando de Lage, que teve 3 vitórias, 4 empates e 3 derrotas. Se consideradas, também, as partidas da Sul-Americana, o português somou em quinze jogos, quatro vitórias, sete empates e quatro derrotas, um aproveitamento pífio de apenas 42,2%.

Também sob comando do lusitano, a média de gols marcados caiu de 1,73 gols por jogo para apenas 1,4 por partida, já a média de gols sofridos aumentou de 0,47 para 0,90 por jogo, números esses que deixaram o líder do campeonato apenas na 16ª posição no desempenho do segundo turno e deram lastro à convicção taxativa do comentarista Paulo César Vasconcelos de que "o Botafogo não seria campeão, se Lage permanecesse".

Feitas essas considerações, o primeiro aspecto a ser ressaltado no clássico de domingo se refere à coragem e sobriedade da dupla de interinos em resgatar a simplicidade na escalação e na postura tática do time, que voltou a mostrar o futebol eficaz do primeiro turno, o velho e bom "feijão com arroz" baseado no esquema 4-3-3 ofensivo, com pouca posse de bola, mas com rápida transição defensiva em forma de duas linhas de 4 jogadores e com Eduardo e Tiquinho mais adiantados, de forma a permitir que, após a retomada da bola, se realizem perigosos contra-ataques em velocidade, cuja eficácia foi comprovada ao longo de toda a partida, sobretudo nos dois gols.

Como segundo aspecto a destacar, esse resgate tático da equipe proporcionou condições ideais para a repetição das saudosas e notáveis atuações do primeiro turno, tanto sob o enfoque individual quanto do coletivo, a despeito de se tratar de um duelo contra um fortíssimo e favorito adversário, recém classificado para a final da Libertadores. Assim, a despeito da ótima atuação da equipe, destacam-se os desempenhos individuais de Júnior Santos (surpresa), Tiquinho, Tchê Tchê, Marlon Freitas, Marçal, Di Plácido, Lucas Perri e da consistente dupla de zaga, Adrielson e Vitor Cuesta.

A excelente atuação da dupla de zaga surge como o terceiro aspecto de destaque no triunfo alvinegro, uma vez que restabeleceu, de forma induvidosa, Adrielson e Cuesta ao patamar de melhor dupla de zaga do campeonato, com uma apresentação que, coadjuvada por Di Plácido, Marçal, Júnior Santos e Vitor Sá nas laterais, anulou o fortíssimo quarteto ofensivo tricolor formado por Keno, Arias, Kennedy e Cano, que foram forçados a recorrer a tentativas de longa distância, as quais resultaram na melhor chance do Flu na partida: um chute de Jonh Kennedy que, desviado em Adrielson, acertou a trave direita da meta de Lucas Perri.

As entradas de Gabriel Pires e Hugo no meio de campo, e os retornos de Carlos Alberto e Danilo Barbosa, estes últimos praticamente esquecidos sob o comando de Bruno Lage, são outro ponto a ser salientado, pois ressaltam a liderança, a familiaridade e a valorização do grupo por parte dos interinos Lúcio Flávio e Joel Carli, cujo comando também contribuiu para o ressurgimento da união do elenco, como se pode verificar da alegria incontida externada pelos jogadores nos vídeos das comemorações após a partida, tanto no gramado como no vestiário.

Outro ponto que merece registro, como bem observou André Rizek, diz respeito à importância desse triunfo sobre o tricolor, o qual ingressa no "Top 5" das vitórias conquistadas na histórica campanha alvinegra, não somente pela qualidade dos adversário, mas, sobretudo, pela forma como foi obtida, assim como ocorrido nos quatro êxitos alcançados no primeiro turno (Flamengo, Palmeiras, Grêmio e Internacional) e neste do returno (Fluminense), de forma que, dentre todos eles, apenas no triunfo sobre o Internacional a equipe foi comandada por Bruno Lage.

A propósito do aspecto vitórias, o triunfo no Clássico Vovô recolocou o Botafogo na primeira colocação dentre os melhores – e mais desagradáveis e indigestos – visitantes do campeonato, com um aproveitamento de 53,85%, construído em treze partidas, com seis vitórias, três empates e quatro derrotas, superando o aproveitamento de 52,38% obtido pelo Flamengo em catorze partidas como visitante, segundo dados publicados pelo site mat.ufmg.br.

No entanto, os detalhes que mais se sobressaem nesses dados são, primeiro, o de que nenhuma das vitórias do Glorioso como visitante foi conquistada sob o comando de Bruno Lage, e, segundo, que todos os três empates e duas das quatro derrotas foram, respectivamente, alcançados ou sofridos em decorrência das absurdas e infundadas modificações promovidas pelo português e sua comissão técnica, tanto no elenco titular como na forma de jogar da equipe.

Isso demonstra que o ex-técnico lusitano não sucumbiu às diferenças do futebol brasileiro em relação ao europeu, ao calendário apertado de jogos, à forma de atuar dos jogadores, às dificuldades de adaptação familiar ou a qualquer outra justificativa parecida, mas sim sucumbiu a si próprio, ao ego inflado que o cegou e lhe incutiu a pretensão de protagonizar e tentar usurpar uma conquista bem encaminhada, mas para cuja construção dos alicerces - iniciada na segunda janela de transferências do ano passado - não contribuiu ou sequer participou.

E guiado por essa arrogância, ao invés de manter o estilo de jogo vencedor da equipe, escutar e aprender sobre o elenco com o então assistente técnico Lúcio Flávio e ouvir o ponto de vista dos jogadores sobre as mudanças, preferiu se fechar com sua comissão técnica e impor as péssimas e injustificáveis alterações na equipe, que foram capazes de destruir o desempenho coletivo, colocar em sério risco o objetivo almejado, provocar a ira da torcida e causar sério desconforto e insatisfação interna, que se iniciou com o elenco, se estendeu à diretoria e, por fim, chegou ao presidente do clube, Jonh Textor.

Todavia, isso ficou num passado recente e sombrio, e agora que foi superada a "tormenta Lage" com essa expressiva vitória sobre o Fluminense, e computados os demais resultados favoráveis ao alvinegro na 26ª rodada, como o empate do Flamengo, as derrotas de Grêmio e Palmeiras, e o empate entre Athletico/PR e RB Bragantino, o Glorioso consolidou-se na primeira colocação, aumentou sua diferença em relação ao segundo colocado de 7 para 9 pontos, rechaçou os memes de que "o gás” havia acabado, e resgatou o bom futebol que o colocou na liderança do torneio desde a terceira rodada, totalizando vinte e três rodadas seguidas de dianteira que evidenciam o excelente trabalho da SAF alvinegra, tanto na contratação de jogadores como na gestão de crises no clube.

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