Pneu furado leva pesquisadores a descobrirem fóssil inédito no Piauí

Fóssil de um réptil foi encontrado em uma região de pedreira.

Na última terça-feira (12), pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) fizeram um registro de uma nova espécie de réptil que vivem no Planeta Terra, antes mesmo dos dinossauros. A descoberta, que foi feita em 2016, aconteceu por acaso, enquanto pesquisadores trocavam um pneu de carro que furou na região entre Palmeirais e Nazária. As informações são do G1.

Em entrevista ao portal de notícias, o professor e paleontólogo Juan Cisnero contou que ele e sua equipe de pesquisadores estavam na região, em uma área de pedreira, fazendo uma expedição quando o caso aconteceu. Ele detalhou como foi a descoberta.

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“Quando o pneu furou, éramos cinco homens. Quatro ficaram trocando o pneu, enquanto um continuou andando pelo local, resultando na descoberta desse fóssil. Se não tivesse acontecido iso, provavelmente não teríamos feito essa descoberta, a verdade é essa”, disse Cisneros ao G1.

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“Nós acompanhamos essas escavações para tentarmos alguma descoberta nova. Dessa vez, fizemos esse achado. Assim que vimos a mandíbula do animal, já sabíamos, pelos dentes, que era algo bem diferente do que já tínhamos achado”, disse o professor.

Foto: ReproduçãoFósseis de nova espécie foram localizados em área de pedreira.
Fósseis de nova espécie foram localizados em área de pedreira.

Apesar da descoberta ter sido feita em 2016, o registrou só aconteceu agora. Segundo o professor, a demora se dá por conta da complexidade que envolve as pesquisas a respeito de fósseis, que podem levar anos para serem concluídas. Cisneros explica que essa demora é comum de aconteceu no meio científico.

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Além dos pesquisadores da UFPI, o trabalho que estava sendo feito no momento da descoberta aconteceu em parceria com seis universidades internacionais. O animal, que pertencia a um grupo de répteis conhecidos como “pararrépteis”, foi batizado de Karutia Fortunata. O fóssil é o terceiro já encontrado na região, mas o primeiro que pertence a uma nova espécie.

“Karutia em língua timbira significa pele enrugada e com caroços. Escolhemos esse nome porque os ossos do crânio do animal estão cobertos por muitas rugas naturais. Fortunata refere-se ao fato de que foi uma descoberta afortunada”, explicou o professor.

Foto: ReproduçãoOssos encontrados do crânio do Karutia fortunata.
Ossos encontrados do crânio do Karutia fortunata.

Mais antigo que dinossauros e sem descendentes

De acordo com Juan Cisneros, o animal tinha a aparência externa semelhante a um calango ou lagarto comum, medindo cerca de 25 cm e comprimento. Sua alimentação era baseada em insetos que existiram na floresta fóssil do Rio Poti, em Teresina.

Com as pesquisas, estima-se que o animal tenha vivido na Terra há 280 milhões de anos, no Período Permiano da Era Paleozoica. Apesar da semelhança com os calangos de hoje, o grupo a qual o animal pertencia já foi totalmente extinto, não deixando nenhum descendente.

O professor ainda explica que a descoberta ajuda a entender como era o Brasil durante a época da Pangeia, além da semelhança com a fauna de outros países.

“Ele nos ajuda a reconstruir as relações ecológicas do final da Era Paleozoica e através dele temos um panorama mais completo do Brasil nesse tempo. E nos ajuda a entender melhor as relações entre a fauna brasileira e a fauna dos EUA numa época em que os continentes estavam unidos, formando o supercontinente de Pangeia”.

Pesquisa sobre o fóssil

O trabalho de pesquisa sobre o fóssil foi realizado pela equipe liderada por Cisneros, em conjunto com uma equipe internacional de paleontógolos, formada por profissionais das seguintes instituições: Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte (EUA), Museu Field de Chicago (EUA), Museu Iziko (África do Sul), Universidade de Buenos Aires (Argentina), Universidade Humboldt (Alemanha), Museu de História Natural (Reino Unido).

O estudo sobre o fóssil do Karutia fortunata foi publicado na revista "Journal of Systematic Palaeontology", considerada referência na área da Paleontologia.

“Este estudo fortalece as pesquisas paleontológicas feitas pela UFPI e foi possível graças ao apoio do CNPq e da prefeitura de Nazária”, finalizou.

Foto: Juan Cisneros/Arquivo pessoalImagem mostra recriação de como seria o Katuria fortunata.
Imagem mostra recriação de como seria o Katuria fortunata.
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