Farmacêutico de Floriano esclarece dúvidas envolvendo a CoronaVac

Vacina começou a ser aplicada ontem (17) em São Paulo, após autorização da Anvisa.

Neste domingo (18) a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou o uso emergencial da CoronaVac e da vacina da Universidade de Oxford. Minutos após a decisão da entidade, os primeiros brasileiros já começaram a receber a vacina em São Paulo e, nos próximos dias, o imunizante começará a ser aplicado em outros estados, inclusive no Piauí.

Após ter seu percentual de eficácia divulgado - 50,4% -, muitas dúvidas a respeito da vacina surgiram entre os brasileiros. Muitos deles, inclusive, se posicionam contra a vacina, alegando não confiarem no imunizante.

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Para entender melhor sobre o biomedicamento, o Rota 343 conversou com o farmacêutico Karlos Heitor Rodrigues Silva, de 29 anos. Formado pela FAESF - Faculdade de Ensino Superior de Floriano, ele é Conselheiro Regional do CRF-PI (Conselho Regional de Farmácia do Piauí) e Delegado da Subsede de Floriano do CRF-PI (Conselho Regional de Farmácia do Piauí), e esclareceu algumas dúvidas a respeito da vacina.

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Foto: Arquivo PessoalKarlos Heitor, de 29 anos, se formou em Farmácia na FAESF.
Karlos Heitor, de 29 anos, se formou em Farmácia na FAESF.

Confira abaixo na íntegra a entrevista com o farmacêutico Karlos Heitor:

Após a divulgação da eficácia de 50,4% da CoronaVac, muito se questionou sobre a eficiência da vacina. O que exatamente significa a eficácia de uma vacina e como ela funciona, no caso da Covi-19?

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“Essa taxa de eficácia está diretamente ligada ao número de pacientes que foram testados, em relação ao total. Então, isso quer dizer que em 50,4% da população que foi realizado o teste, houve eficácia contra a Covid-19.”

O que significa a eficácia de 78% contra os sintomas e 100% em casos graves?

“Nesse caso, significa que em 78% das pessoas que se utilizam da CoronaVac, o efeito dela inibe os sintomas mais básicos e, em 100%, evita os sintomas mais graves, que precisam de hospitalização e o recebimento de oxigenação.”

Outro ponto que gera dúvida em muitas pessoas é a rapidez com que as vacinas foram desenvolvidas - menos de um ano. O que possibilitou que essas vacinas fossem criadas tão rapidamente?

“A rapidez com que as vacinas foram desenvolvidas está diretamente ligada ao momento em que vivemos. Um momento especial, uma pandemia mundial, um vírus novo que nós não tínhamos nenhum tipo de conhecimento, então os pesquisadores tiveram muito trabalho e voltaram suas atenções totalmente para o coronavírus. Isso fez com que a gente se destacasse, voltando os trabalhos somente para essa vacina, por isso o lançamento dessas vacinas aconteceu tão rápido.”

As tecnologias usadas para o desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19 são melhores do que para o desenvolvimento das outras vacinas?

“Não, a tecnologia é a mesma, tanto para a vacina do coronavírus ou outras vacinas que já foram produzidas. A diferença são as circunstâncias mundiais que fazem com que os pesquisadores possam trabalhar muito mais rápido para que se desenvolvam as vacinas a tempo de imunizar toda a população para que isso não se torne um problema ainda maior.”

Você acredita que a vacina contra a Covid-19 se tornará um imunizante anual, assim como já acontece com a vacina contra a H1N1?

“A gente acredita nisso sim, com diversas informações de outras cepas do vírus, há uma grande possibilidade que seja usado de forma anual, uma renovação, um reforço, ou aquele tipo A, B, C, que possam apresentar outras vacinas para reforço anual.”

O Brasil possui capacidade para produzir a CoronaVac? Quais são os benefícios de produzir o imunizante aqui, ao invés de importá-lo?

“Nós temos capacidade sim, tanto que nós temos dois dos institutos mais reconhecidos mundialmente na produção de vacina, que são o Instituto Butantan e a FioCruz, então é muito importante que isso seja produzido num breve futuro aqui no Brasil, já que inicialmente a demanda foi feita em parceria com outras instituições internacionais, quem sabe logo a gente consiga produzir no Brasil. Capacidade nós temos.”

Por que existe a necessidade de uma dose de reforço?

“A dose de reforço ela é muito importante, principalmente quando se sabe a eficácia da CoronaVac, de 50,4%. Nesse reforço, esses outros 49,6% podem desenvolver anticorpos com a dose de reforço, que podem contribuir na diminuição dos efeitos colaterais ou para a imunização por completo.”

Para que uma doença como a Covid-19 esteja sob controle, qual o percentual da população precisa ser vacinada?

“Nós podemos dizer que, a partir de 50% da população vacinada, nós já temos uma previsão de controle bem maior. Não tem uma numeração correta, mas acima de 50% já se inicia um processo de controle dentro da população brasileira.”

A Anvisa aprovou ontem em caráter emergencial o uso da CoronaVac. O que significa esse "caráter emergencial"?

“O caráter emergencial está diretamente ligado ao que estamos vivendo, o momento dessa pandemia no Brasil. Um momento de infecções, reinfecções, um aumento no número de contaminados, então o caráter emergencial, podemos dizer que é realmente o uso emergencial. Nós podemos usar o medicamento de forma emergencial para que possamos conter a disseminação do vírus em todo o Brasil. É isso que a Anvisa quer dizer.”

Você acha que as pessoas tem dado menos importância para as campanhas de vacinação nos últimos anos? Por que as pessoas não devem deixar de ter a carteira de vacinação atualizada?

“Não, eu acho que as pessoas realmente ainda procuram o sistema público de saúde para poder fazer o uso de vacinas, tanto que a gente caracteriza que as campanhas de vacinação, na grande maioria, conseguem atingir os níveis aceitáveis, quando a gente tem em torno de 60 a 70% do nível de vacinação normal. As pessoas devem ter suas carteiras de vacinação atualizada porque evita qualquer tipo de saúde pública. Um dos primeiros pilares do Sistema Único de Saúde (SUS) é a prevenção, pois o uso de vacinas em geral diminuem os efeitos posteriores no SUS, com a prevenção de vários tipos de doenças.”

Instituto Butantan

O Instituto Butantan, um dos desenvolvedores da CoronaVac, é uma instituição de grande importância para a ciência brasileira. Ele é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil, além de ser responsável por uma alta porcentagel da produção de soros hiperimunes e de antígenos vacinais, que compõem as vacinas usadas pelo Ministério da Saúde no Programa Naciona de Imunizações (PNI). A instituição contribui com oito vacinas que compõem o calendário de vacinação brasileiro.

Para esclarecer melhor o trabalho do Instituto, o Rota 343 traz para os leitores algumas das atividades desenvolvidas pelo mesmo. As informações foram retiradas, na íntegra, do site do Institui Butantan. Confira:

•  O Instituto desenvolve estudos e pesquisa básica nas áreas de biologia e de biomedicina relacionados, direta ou indiretamente, com a saúde pública;

•  Realiza missões científicas no país e no exterior por meio das Organizações Mundial e Panamericana da Saúde, ONU (Organização das Nações Unidas) e da Unicef (Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas);

•  Colabora para a melhoria da saúde global, com outros órgãos da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e do Ministério da Saúde, no Brasil;

• Atua em parceria com diversas universidades e entidades, tais como o NIH (National Institutes of Health) e Bill & Melinda Gates Foundation, na consecução de seus objetivos institucionais;

•  Desenvolve projetos de pesquisas básica e aplicada, tais como estudos sobre animais peçonhentos, agentes patogênicos, inovação e modernização dos processos de produção e controle de imunobiológicos, além de estudos clínicos, terapêuticos e epidemiológicos relacionados a acidentes causados por animais peçonhentos;

•  Mantém coleções científicas zoológicas e desenvolve atividades educacionais e culturais por meio de quatro museus: Museu Biológico, Museu Histórico, Museu de Microbiologia e o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas;

•  Capacita alunos através de estágios em nível de iniciação científica (PIBIC/CNPq), programa de Especialização na área da saúde e pós-graduação (mestrado e doutorado). É responsável pelo Programa de Pós-Graduação stricto sensus em Toxinologia e, mais recentemente, pelo MBA Gestão da Inovação em Saúde, que apresenta todas as etapas e processos existentes entre pesquisa, inovação, patenteamento, produção e comercialização de produtos;

•  Oferece também cursos de extensão visando à formação de profissionais que possam ser multiplicadores de informações em saúde pública e cursos de aperfeiçoamento de curta duração, abordando temas como animais peçonhentos, insetos de importância médica, soros e vacinas destinados à comunidade em geral, estudantes, professores, militares, bombeiros, agropecuaristas, entre outros.​

Foto: Flavio Corvello/Estadão ConteúdoCoronavac

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